terça-feira, 7 de julho de 2009

Prática de véspera de exame prático

Além do suco de maracujá, de óleo essencial de lavanda no assoalho, grãos de mostarda no porta-trecos, (veja mais abaixo por que) vou praticar hoje uma meditação chamada antar mouna (silêncio interior), que retirei do site do professor de Yoga Pedro Kupfer. O antar mouna tem 6 estágios, avisa o profesor. "Apresentamos aqui o primeiro deles, que pode fazer-se sozinho em total segurança". Parece perfeito para mim

"(...) usamos uma técnica para criar silêncio interior. Esse silêncio interior nos ajuda a eliminar os obstáculos dos ruídos exteriores. Assim, podemos praticar sem precisar nos mudar para o gelo eterno dos Himalaias. Onde, por sinal, o vento e a água que descem dos glaciares fazem um barulho ensurdecedor. Antar mouna significa silêncio interior. É uma das práticas mais importantes do Yoga, pois trabalha diretamente com o diálogo mental. É uma ótima maneira de começar a meditar, pois, ao invés de ficar lutando com a mente, você apenas a observa. É uma técnica excelente para quem não consegue ainda concentrar-se nos objetos de meditação, como símbolos psíquicos ou visualizações, por simples que sejam.

Porém, o antar mouna é muito mais do que isso. Pode ser o atalho mais curto (e às vezes violento) para abrir as portas do subconsciente. Ao longo das diversas fases do antar mouna, começam a surgir lembranças, experiências, sentimentos ou pensamentos reprimidos e esquecidos, mas nem sempre resolvidos. Essas latências subconscientes, chamadas samskáras, determinam as nossas atitudes, formas de pensar e agir. São obstáculos poderosos que barram a evolução e a felicidade: tentar controlá-las eqüivaleria a tentar controlar uma intoxicação alimentar.

Da mesma forma que um alimento inadequado envenena o organismo, os samskáras poluem a psique. Toda lembrança, pensamento ou sentimento pode servir para o conhecimento ou para a ignorância.

O antar mouna nos ensina a eliminar o conflito interior causado pelos samskáras e o diálogo infernal da mente. Nos ensina a respeitar a mente e aceitar os seus conteúdos. Nos ensina a ver-nos como testemunha imparcial, aceitando as experiências e reações da mente e, posteriormente, aprendendo a controlá-la. Isso irá desenvolver a autoconsciência e a capacidade de se conhecer.

Lembranças, medos, pensamentos e sentimentos ocultos durante anos emergem um a um na superfície da consciência, se debilitam e desintegram. Em 90% dos casos, aparece o medo. O medo não é novo: acompanha o homem desde sempre e já se descreve na Taittriya Upanishad: “do medo, impulsionado pelo absoluto, o vento sopra. Do medo, o sol nasce. Pelo medo, o fogo queima e os sentidos sentem. Finalmente, pelo medo, a morte persegue o homem” (Brahmánandavalli, 8). Aqui, em forma simbólica, o autor está nos dando um recado muito claro: o medo pauta e determina todos os nossos pensamentos, as nossas decisões e ações.

Medo, em suas mais variadas formas: medo de não ser aceito pelos demais, medo da morte, medo do desconhecido. O processo de substituição dos samskáras ruins por seus opostos já aparece no Yoga Sútra (II:29,30) de Pátañjali: “quando surgirem pensamentos indesejáveis, estes podem ser vencidos convivendo-se com seus opostos. Os pensamentos indesejáveis, assim como os de agressão (...), são frutos da ignorância e sempre acabam em sofrimento infinito (por isso é necessário convivermos com seus opostos).” Este é um processo de purificação psíquica muito efetivo, chamado chitta shuddhi.

A psicoterapia, especialmente a Gestalt, procura fazer a mesma coisa. Mas, onde a psicoterapia diz: “agora que você identificou e desintegrou seus fantasmas, está pronto para ter uma vida mais feliz;” o Yoga diz: “agora você está pronto para ter uma vida mais feliz, e empreender a parte mais emocionante da aventura humana: meditar de verdade.” Por quê? Porque tanto os pensamentos bons quanto os ruins são igualmente ruins, obstáculos do mesmo tamanho que nos afastam do objetivo: “tudo provoca dor para o sábio, sejam as latências, as experiências ou suas conseqüências, ou a interação entre os estados da realidade (gunas). A dor que ainda não surgiu pode evitar-se.” Yoga Sútra, II:15-16.

O samskára é o conjunto das raízes profundas dos condicionamentos do ser, de caráter kármico e inato, que se estruturam em malhas subconscientes. Perpetua-se através das gerações por herança histórica, cultural ou étnica, afetando a todos os indivíduos.

Estamos condicionados a agir sempre em consonância com o samskára, que funciona como um modelo padrão de comportamento. J. Woodroffe dá o exemplo de uma tira de borracha que, embora possa assumir as mais diversas formas, sempre tenderá a retomar a original.

Os vásanás (lit., perfume) são as latências subconscientes. O cheiro que uma flor deixa em um pano é o vásaná dessa flor: mesmo depois de retirá-la, o perfume permanece. Os vásanás constituem um colossal obstáculo para o meditante, pois a vida subconsciente é um fluxo constante de impressões latentes que dão corpo aos vrittis. Estes, por sua vez, determinam as ações do indivíduo (karma) e assim entra-se num triângulo vicioso: os condicionamentos determinam os pensamentos, que determinam as ações, que reforçam os condicionamentos, que determinam os pensamentos, que provocam as ações, e assim por diante. Samskára -> vritti -> karma -> samskára -> vritti -> karma -> samskára...

Para poder atingir o estado de cessação das instabilidades da consciência (chittavritti nirodhah), objetivo do Yoga, é necessário aniquilar essas tendências através da capacidade de auto-observação. O alvo do antar mouna é observar o processo que alimenta o pensamento através dos sentidos e a atividade subconsciente (o samskára e os vásanás, que dão corpo à vida psico-mental).

Após haver traçado o perfil dessas latências, a técnica serve para fazer surgir os “pensamentos indesejáveis”, os vrittis de que falava Pátañjali. Em seguida, evocar as lembranças associadas a esses pensamentos e reviver as situações que as provocaram, esgotando-as e indo até o final delas, mantendo o tempo todo o estado da consciência testemunha (sakshi).

Isso produz uma purificação da consciência (chitta shuddhi) que culmina na inversão dos padrões de comportamento e nos condicionamentos que os originam. Reprogramar é substituir esses “pensamentos indesejáveis” pelos seus opostos, com ensina Pátañjali. Isolar a causa raiz do vritti, conhecer, observar, desenterrar, entender, limpar, reorganizar, substituir e, finalmente, esvaziar. Mudar a perspectiva emocional ou mental, transformando a sua significação. Não há nada definitivo: como diz o sábio, “isto também passará.”

Ou seja, conhecer o samskára, substituir as coisas ruins por outras boas e, posteriormente, eliminar também as boas. Depois disso, está-se preparado para que a meditação dê resultados a curtíssimo prazo. C. G. Jung disse que “ninguém se torna iluminado imaginando figuras de luz ou preenchendo a mente com concepções teosóficas, mas sim tornando e escuridão consciente,” levando luz para onde há trevas, iluminando as áreas escuras do ser. Removidos os obstáculos, a luz se revela. Resumindo, este processo de concentração passa pelos seguintes estágios:

1)observar,

2)acessar,

3)evocar,

4)reviver,

5)esgotar,

6)compreender,

7)purificar,

8)reprogramar,

9)esvaziar,

10) meditar.

Após a meditação, vêm ánanda, a bem-aventurança, o estado de felicidade inefável e profunda que dá o Yoga. Mas quanta felicidade?

“Imagine um homem de bem, jovem, forte, saudável e que possui toda a riqueza do mundo. Tome isso como uma unidade de felicidade humana (ánanda). Agora multiplique isso cem vezes. O resultado será a felicidade dos manushyagandharvas, e a daqueles que estudaram os Vedas e destruíram o samskára. Multiplique isso cem vezes e o resultado será equivalente a uma unidade da felicidade dos devagandharvas e daqueles que estudaram os Vedas e destruíram o samskára. Multiplique isso mais cem vezes e você terá a felicidade dos sábios e daqueles que estudaram os Vedas e destruíram o samskára. Multiplique isso cem vezes e terá a felicidade dos karmadevas, aqueles que alcançaram a dissolução através do domínio do karma.”

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Tempo: 25 a 35 minutos
Nível: básico
Sinopse: comece tomando consciência dos seus sentidos e como eles conectam você com o mundo exterior. Observe os sons do ambiente. Depois, contemple o som da sua respiração. Assim você desenvolve a capacidade de observar os pensamentos, sem identificar-se com eles. A mente pára de ser perturbada por distrações exteriores. Após praticar esta técnica algumas vezes, passe ao estágio II. Recomenda-se fazer antar mouna imediatamente após o pránáyáma, onde os conteúdos subconscientes vêm à tona.

Sente numa posição confortável, com as costas eretas. Inspire profundamente e vocalize o mantra Om durante sete fôlegos: Om, Om, Om, Om, Om, Om, Om. Consciência total no seu corpo físico: no corpo inteiro e no ásana. Tome consciência da sua espinha dorsal, que está totalmente ereta, sustentando o pescoço e a cabeça. Tome consciência da posição equilibrada dos braços e pernas. Consciência total no seu corpo inteiro, dos pés à cabeça (1/2 minuto em silêncio).

Agora visualize o exterior do corpo. Como se você estivesse se vendo num espelho. Veja seu corpo na posição de meditação. Pela frente. Pelo lado direito. Pelo lado esquerdo. Por trás. Por cima. E então, de todos os lados ao mesmo tempo. Esteja consciente do corpo. Consciência total no seu corpo inteiro. O corpo inteiro, como uma unidade.

Depois, imagine-se como se estivesse crescendo desde o chão. Como uma árvore. Suas pernas são as raízes da árvore. O resto do corpo é o tronco. Você está crescendo a partir do chão, fixando-se no chão. Absolutamente estável. Absolutamente imóvel. Como se fosse uma árvore enorme e forte. Perceba-se, vivencie-se crescendo a partir do chão. Fixando-se no chão. Unindo-se com o chão. Você está absolutamente estável. Absolutamente imóvel. Consciência intensa (1/2 minuto em silêncio).

Tome consciência das sensações físicas que o seu corpo experimenta. Consciência total em todas as sensações físicas. Permita que estas sensações se transformem num foco para o seu pensamento. Consciência total.

Concientize-se das partes do corpo, começando pela cabeça. Visualize a sua cabeça e mantenha consciência total nela. Faça o mesmo com o pescoço. O ombro direito. O ombro esquerdo. O braço direito. O braço esquerdo. A mão direita. A mão esquerda. Permaneça consciente. As costas inteiras. O peito. O abdômen. O glúteo direito. O glúteo esquerdo. A perna direita. A perna esquerda. O pé direito. O pé esquerdo. O corpo inteiro de uma só vez. Consciência total no seu corpo inteiro. O corpo inteiro, como uma unidade (1/2 minuto em silêncio). Agora faça o sankalpa: tome a resolução de permanecer absolutamente estável e imóvel durante toda a prática. Repita mentalmente: “durante toda a prática fico absolutamente estável, absolutamente imóvel. Absolutamente estável e imóvel.” Fique atento aos sinais de desconforto do corpo. Consciência total em todos os sinais de desconforto: dor, coceira, formigamento, necessidade de deglutir saliva, o que for. E permaneça absolutamente firme e imóvel. Quando você se prepara para permanecer atento e evitar todo e qualquer movimento, o corpo permanece imóvel e rígido como uma estátua. E você percebe uma sensação de levitação astral. Se houver algum movimento inconsciente, tome consciência desse movimento. Torne-o consciente. Consciência total no corpo e na estabilidade. Consciência total no corpo e na imobilidade. Seu corpo está totalmente estável e imóvel. Absolutamente firme e descontraído. Esta é a forma da sua consciência agora (1/2 minuto em silêncio). Você está preparado para manter esse estado. Sinta seu corpo ficando mais e mais rígido. Mais e mais firme. Tão rígido e firme que, depois de algum tempo, você não consegue mais se mexer. Consciência total no corpo e na rigidez. Consciência total no corpo e na firmeza. Seu corpo está absolutamente rígido e firme. Rígido e firme, porém, perfeitamente descontraído e relaxado. Absolutamente imóvel. Consciência intensa (1/2 minuto em silêncio). Ao manter a consciência centrada, você sente o seu corpo ficar cada vez mais leve, cada vez mais sutil. Tão leve e sutil, que a consciência do corpo se esvai. A consciência do corpo se esvai (1/2 minuto em silêncio). Este é o momento para levar a consciência para os sons à sua volta. Consciência total num som apenas. Escolha um som dos que você está percebendo. Mantenha-se totalmente concentrado neste som. Não analise o som. Não tente localizá-lo. Apenas observe. Consciência total num som apenas (1/2 minuto em silêncio). Quando a sua mente perder interesse neste som, escolha outro e fixe-se nele. Desta forma, movimente-se de som para som. Consciência total e absoluta (3 minutos em silêncio).

Agora coloque a atenção no ritmo natural da sua respiração. Consciência total no ritmo natural da sua respiração, sem interferir nela. Observe o ar entrando e saindo pelas narinas. Quando o ar entrar, esteja ciente: “estou inspirando”. Quando o ar sair, esteja ciente: “estou exalando”. Consciência total e absoluta no ritmo natural da sua respiração. Consciência intensa (3 minutos em silêncio).

Coloque novamente a atenção nos sons à sua volta. Escolha um som dos que você está percebendo neste momento. Mantenha-se totalmente concentrado neste som. Quando a sua mente perder interesse nele, escolha outro. Consciência total e absoluta, um som de cada vez (2 minutos em silêncio).

Volte a atenção para o ritmo natural da respiração. Consciência total a absoluta no ritmo natural da sua respiração, sem interferir nela. Seja consciente de que está inspirando. Seja consciente de que está exalando. Observe o ar entrando e saindo pelas narinas. Consciência intensa (2 minutos em silêncio). Novamente traga a atenção para os sons do ambiente. Escolha um som e mantenha a sua atenção nele. Mantenha-se totalmente concentrado. Quando a sua mente perder interesse neste som, escolha outro e fixe-se nele. Consciência total e absoluta, um som de cada vez (2 minutos em silêncio). Fixe a sua consciência no ritmo natural da respiração. Consciência contínua e intensa no ritmo natural da sua respiração, como uma testemunha. Sinta o ar fluindo, entrando e saindo pelas narinas. Consciência total e absoluta no ritmo natural da sua respiração. Consciência intensa (2 minutos em silêncio). Novamente traga a atenção para os sons do ambiente. Escolha um som e mantenha a sua atenção nele. Ao sentir que está perdendo o interesse, concentre-se noutro som. Consciência intensa, sempre num som de cada vez (2 minutos em silêncio).

Coloque a atenção no ritmo natural da sua respiração. Consciência total e intensa no ritmo natural da sua respiração, sem interferir, como uma testemunha. Esteja ciente de que está inspirando. Esteja ciente de que está exalando. Consciência contínua e absoluta (2 minutos em silêncio). Agora, ao concluir a prática, vincule a sua consciência com o exterior. Sinta a sua respiração. Perceba que você respira não apenas com os pulmões, mas com todo o corpo. Fique atento ao momento presente, aos seus sentimentos. Então, movimente-se devagar. Abra os olhos. A prática de antar mouna está completa. Om Shánti, Shánti, Shánti.

2 comentários:

  1. Andreia sou Willian instrutor de transito em Campo Grande M.S e pude aprender com v.c muitas coisas importante fico feliz por v.c ter superado seu panico e acima de tudo confiar em v.c mesma e vou levar esperiencia de vida para meus alunos tbem...Se quiser me add para que possamos conversar melhor ficaria estremamente feliz em aprender com v.c suas experiencia....willian_souza565@hotmail.com

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  2. Andrea, assim como vc meu nome é Andréa e achei ótima saber da sua história pq eu tambem estou vivendo esse terror de ter de enfrentar o transito tirei minha carta depois de 03 reprovações muitas aulas pagas...em abril/2009, bem comprei um carro zero financiado...lindo do jeito que sonhei no dia de emplacar meu carrão enfiei ele embaixo de um caminhão...ops parado...ou seja ele simplesmente parou na minha frente foi um horror destruiu a frente do meu lindo carrinho só não me destruiu pq tenho tido ajuda de um sobrinho muito legal q tem me dado maior força...tou de novo tentando superar desde então meu carrinho voltou novinho em folha tou praticando de novo sempre acompanhada e agora essa semana comecei a sair sozinha mas sempre em panico com medo de fazer besteira é muito cruel senti forças vendo que existem pessoas que sofrem como eu bjão

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