Amanhã (chegou tão rápido) farei o exame prático do Detran. Achei que estivesse preparada para este momento, mas não estou. Ontem, mostrei uma falta de coordenação incomum nas aulas de volante. Parecia que outro ser, ainda mais amedrontado do que eu, quisesse passar uma temporada em mim. Então, depois, sozinha em casa, em vez de negar sua existência, resolvi convidá-lo para um chá. “Apareça – eu pedi diversas vezes com delicadeza – eu aceito você de qualquer tamanho e forma. Apareça”.
Eu queria mesmo ver esse medo, mergulhar nele como quem desliza na onda do mar, já que tentar contê-la é um trauma salgado que entra pelo nariz e faz engasgar.
Fui esperando ele surgir com a sensação de quem sobe os trilhos de uma montanha russa bem alta. De repente, o frio na barriga, mas apenas um arremedado do que estava por vir: a queda livre.
Pensei no julgamento das pessoas que ficam olhando enquanto você faz o teste e nas que estão esperando por minha aprovação. Pensei na inutilidade desse pensamento de ego. Pensei na inutilidade de julgar um pensamento de ego. Na inutilidade de todos os julgamentos.
Medo de errar. Medo de uma reprovação maior do que a reprovação do exame. Medo de sentir medo. Medo de sentir vergonha. Medo de uma aparição vergonhosa. Ah! Esse olhar do outro que parece chiclete grudado no sapato. Preciso olhar por onde andam meus pensamentos.
Olho para possíveis rostos que me assistem errando. Olho. Tento achar um rosto de sarcasmo. Surge o de um homem, mas ele se parece comigo em cor de pele e de olhos. Enfim, meu medo se revelou em conteúdo e forma: eu mesma, sarcástica, risonha, intolerante. Não há outro a não ser eu.
Ainda nessa cena, eu desço do carro estacionado. Deixo o examinador com cara de examinador. Caminho até o homem-parecido-comigo e o abraço. Tão forte, tão forte que ele ri. Não de sarcasmo, mas de amor.
Eu queria mesmo ver esse medo, mergulhar nele como quem desliza na onda do mar, já que tentar contê-la é um trauma salgado que entra pelo nariz e faz engasgar.
Fui esperando ele surgir com a sensação de quem sobe os trilhos de uma montanha russa bem alta. De repente, o frio na barriga, mas apenas um arremedado do que estava por vir: a queda livre.
Pensei no julgamento das pessoas que ficam olhando enquanto você faz o teste e nas que estão esperando por minha aprovação. Pensei na inutilidade desse pensamento de ego. Pensei na inutilidade de julgar um pensamento de ego. Na inutilidade de todos os julgamentos.
Medo de errar. Medo de uma reprovação maior do que a reprovação do exame. Medo de sentir medo. Medo de sentir vergonha. Medo de uma aparição vergonhosa. Ah! Esse olhar do outro que parece chiclete grudado no sapato. Preciso olhar por onde andam meus pensamentos.
Olho para possíveis rostos que me assistem errando. Olho. Tento achar um rosto de sarcasmo. Surge o de um homem, mas ele se parece comigo em cor de pele e de olhos. Enfim, meu medo se revelou em conteúdo e forma: eu mesma, sarcástica, risonha, intolerante. Não há outro a não ser eu.
Ainda nessa cena, eu desço do carro estacionado. Deixo o examinador com cara de examinador. Caminho até o homem-parecido-comigo e o abraço. Tão forte, tão forte que ele ri. Não de sarcasmo, mas de amor.
Show esse seu texto-desabafo! nem imaginas como estás a me ajudar... também tenho medo, medo e medo... Abração!
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