O tempo é relativo. Nunca isso me pareceu tão verdadeiro como hoje, enquanto esperava minha vez para realizar o exame prático do DETRAN.
Na fila, eu estava meio zonza, alheia. Perdi o sono às três da manhã e, em vez de contar carneirinhos, repassei na mente o percurso da prova, seta por seta, até conseguir dormir novamente. Não estava confiante. Não sei se, no local da prova, isso é possível para um ser humano normal (e que quer passar honestamente).
Para minimizar minha insegurança, meu instrutor permitiu que eu transformasse o carro em algo pessoal. Jonas é treinado para ensinar pessoas com medo de dirigir e sabe bem o que fazer em momentos de grande tensão. Ele teve o cuidado de tirar o tapete, que já havia enroscado no pedal da embreagem uma vez. De minha parte, coloquei no porta-treco objetos que me transmitem segurança: uma foto do mestre hindu Sai Baba, uma imagem de Ganesha e outra de Santa Sara. Todos eles ali, juntos, torcendo por mim.
Entrei no carro. Fiquei sozinha por alguns minutos. Interminavelmente depois, uma examinadora se sentou ao meu lado. Na hora, achei azar o meu que fosse uma mulher, mas mudei de ideia depois. Explico por quê.
Ela disse “bom dia”, o que pareceu um bom sinal. E emendou um: “nossa, que frio”. Entretanto, fez jus à fama dos examinadores na forma como reagiu a minha interação. “Estou tão nervosa que não sinto frio”, respondi. Ela me ignorou.
“Eu já arrumei os espelhos”, disse para evitar uma encenação. Ela, muda. Enquanto checava a documentação, acabei atropelando o processo. “Posso sair?”, perguntei. Ela me olhou com surpresa de indignação. Corrigi: “ah, não. Você ainda nem colocou os cintos”. Não tinha como piorar. Ela suspirou e deu o comando: “pode ir”.
O roteiro foi: 1. Arrumar postura no banco. 2. colocar o cinto. 3. ligar o carro. 4. ligar a seta. 5 engatar primeira. 6. olhar no retrovisor. 7. soltar o freio de mão. 8. sair. Tudo certo até aí.
“Faça a baliza branca”, foi o segundo comanda dela. Imediatamente, seta para a direita. Insegura, apontei: “aquela ali?” Ela: “você está vendo outra?”. Síndrome do pequeno poder, pensei. Deve ser um dos poucos momentos do dia em que ela pode falar assim com uma pessoa contando que não será afrontada. E deve ser o único momento da vida em que tenho a oportunidade de simplesmente não retrucar uma grosseria. Que paz.
Enquanto fazia a primeira manobra da baliza, ela pegou a foto do Sai Baba. Deve ter estranhado, sei lá. Só sei que, enquanto olhava, ela ficou bem na frente do retrovisor lateral, quase não consegui calcular o ponto certo. Eu tentei de novo: “Já tinha visto Sai Baba antes?”. Ela me ignorou e devolveu a foto no porta-treco.
Acho que me desconcentrei um pouco com a cena. Quando fazia uma bobagem qualquer no volante, senti o olhar de interrogação. O lado positivo de uma mulher ser examinada por outra mulher é que somos especialistas em leitura de face sem sequer precisar virar o rosto. Me concentrei, acertei o volante e terminei a baliza.
Para meu horror, ela não abriu a porta do carro para ver quão perto ou longe eu fiquei. Disse apenas: “Pode sair”.
Fiquei muda, sem saber ao certo o que aquilo queria dizer. “Achei que tivesse cometido o pior dos erros da baliza. Quando me preparava para desligar o carro e sair, ela emendou: “pode sair com o carro”. Ufa!
Bom, depois da baliza, me senti muito segura. Errei apenas uma seta, sinalizado no ato por ela e que me ajudou a não esquecer as demais.
Ainda não acredito que passei. Estou anestesiada de felicidade, principalmente porque recebi abraços sinceros de pessoas que acompanham minha saga desde o início.
E você? Por que não vai? Por que você não arrisca? Por que você não experimenta essa felicidade também? Acredite, se eu consegui, você também consegue.
Parabéns, Andréia!
ResponderExcluirDescobri o blog pelo Webmotors semana passada e estava curiosa para saber como seria o teste! Gostaria de dizer que, sinceramente, fico muito feliz por vc, por saber que é possível superar o medo de dirigir e, passo a passo, conquistar nosso espaço no transito! Outro dia conto aqui em que etapa do processo estou, mas é uma longa história e, hj, só passei mesmo para dar parabéns pela conquista!
meus parabens andreia,fico aliviada ,pois pensei que so eu fiquei em panico com o examinador,bom fiz o exame ontem as 12;30,to tremula ate agora ,mas vou saber so quarta que vem pelo resultado!!! Espero que de certo! 24/07/09 Barbara
ResponderExcluirÉ, parabéns, Andréia. Sabia que conseguiria. Estou fazendo com você, a difrença é gritante, mas a situação de ansiedade, cobrança é a mesma né? Espero que você já esteja com seu medo dominado, que possa disfrutar dos benefícios que é sair guiando por ai ( apesar deste trãnsito caótico) Acho que de verdade não temos síndrome de pânico e, principalmente nós mulheres ( síndrome de cobrança, de perfeccionísmo, de não termos o direito de errarmos, acho que é isso que nos faz sentirmos assim. Não precisamos que ninguém nos indique: Você errou nisso... Sabemos perfeitamente onde e quando comentemos um erro ( é claro que não são todas) Um grande abraço. Parabéns de coração. Sua vitória é a nossa vitória também. Carinhosamente. Estela Rufino
ResponderExcluirTenho carteira desde 2007.Ganhei meu carro antes de aprender a dirigir,mas o medo era tanto q matei a grama da minha casa...de tanto o carro ficar parado.Meu marido cansado disto ,vendeu o carro.Depois entrei na auto escola e conseguir tirar a carteira.Fiquei reprovada na primeira e passei na segunda vez.Mas ate hj nao dirijo,imagino situações ruins e isso acaba me intimidando.Quero mto dirigir sem medo..pois sei q isto vai significar minha independência.Bjosss...
ResponderExcluirParabéns Andréia, parabéns a revista pelo desafio proposto.
ResponderExcluirMe surpreendi ao tomar conhecimento dessa matéria. Pois não achava que esse medo, esse bloqueio fosse tão comum.
Sofro muito com isso e infelizmente estou muito distante das cidades atendidas pela Clínica Escola.
Confesso que, até então, não tinha conhecimento que esse tipo de tratamento poderia ser realizado antes mesmo de cursar uma auto-escola.
Por último quero parabenizar tbm a Clínica Escola pela grande iniciativa, visando o bem de uma parcela da sociedade antes esquecida.
Grande abraço.
FIQUEM SABENDO QUE NÃO É SÓ MULHER QUE SENTE MEDO...
ResponderExcluirFAREI A PROVA AMANHÃ E ESTOU TEMEROSO...
PESSO MUITO PARA DEUS ME AJUDAR! ESTOU SOZINHO NESTA, PAREC QUE NINGUEM ME APOIA!
AMANHÃ PASSO POR AQUI PARA CONTAR COMO FOI...
Prabéns, vc é uma vencedora!!!estarei fazendo meu exame na quinta feira, to muito nervosa..tenho muito receio de dirigir, de errar. sei lá..é estranho...preciso de mais confiança em mim mesma!!!admiro muito vc, viu...parabéns mesmo e depois conto como fui na prova...rsr
ResponderExcluircris
ResponderExcluirque legal que vc conseguiu,pois eu estou no mesmo patamar como vc,ja estou nervosa vou fazer a prova no dia 05/03/2010,nao sei se vou conseguir espero em Deus que sim.bjos ate
E ai Cris, vc passou na prova? esperamos que sim !!
ResponderExcluirester
ResponderExcluircris, isto muito me anima, estou fazendo a minha carteira pela primeira vez estou com muito medo e o meu instrutor nao ajuda em nada, ao contrario me estressa mais ainda, faltam 2 aulas praticas para realizar e pedi para trocar de instrutor e vou fazer mais umas 5 aulas extras.
sorte sua pois aqui são 2 examinadores.
ResponderExcluiracabei de fazer minha carteira ha uns 3 dias mais ou menos, é pessoal foi na quarta tentativa, não foi facil, bate um desespero, é uma briga para ver qm começa primeiro, no meu caso era sempre bom ir por ultimo, pois eu tentava m benificiar dos aprovados, imaginem vc ali esperando sua vez,e la chegando a pessoal q acabará de fazer seu teste, ele desce do carro com um sorriso de uma orelha a outra, vc com isso até q fika mais confiante poisé c "ele" conseguiu pq eu n consigo né? bom como eu disse consegui tira minha carteira na quarta tentativa, o examinador pelo jeito adorava reprovar os candidatos, mas procurei fika calma, respira fundo e ir, cara quando ele falou,"vc, passou ta" fiquei paralisado, contente é claro foi d baixo d chuva mesmo no braço, na raiva de ter reprovado nas 3 primeira tentativa,minha intrutora dizia " se n passa dessa vez eu t bato" claro q era uma forma de ela m dizer q confiava em mim e q eu era capaz, poisé todos são capazes, é na verdade o medo tira nossa confiança, e nessa hora q a gente presisa do apoio dos intrutores e dos outros canditados. eu consegui, vcs tbm conseguem.
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