quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ansiedade é como dinheiro: quanto mais você gasta, menos você tem


Há quase dois meses, acordo às 5 horas da manhã para ir à aula de volante, que começa às 7 horas. Na noite que antecede o desafio meu estômago fica um pouco mais gelado que o resto do corpo, mas finjo que nada está acontecendo. Não é uma boa coisa. É falso como fingir ser indiferente a alguém que você ama ou odeia.

Quarta-feira (14), foi impossível não ver que minha ansiedade ainda está ali, e precisava ser “gasta”, segundo Fabiana Saghi, a terapeuta que me acompanha no carro. Fiquei encantada com isso de “gastar ansiedade”. Imediatamente interpretei que, como o dinheiro, uma hora a ansiedade pode acabar de tanto a gente usar. Mas como fazer isso?

Enfrentamento com o apoio de um especialista. A sensação é a de ir para um campo de batalha, acompanhado da incerteza de voltar com vida.

O carro de ontem era um Gol novinho, que eu nunca tinha guiado. Na hora, pensei no câmbio: vou estranhar. Dito e feito. Estranhei tanto que transpirei do início ao fim do trajeto. Deixei o carro morrer e, não fosse a terapeuta pisar no freio, teria batido no carro de trás.

Sabe aquela coisa de falar em público? Você se sente confuso, se esquece das falas, esbarra nas coisas, não sabe bem o que fazer com seu corpo. Dirigir ansioso é parecido, só que em vez de palavras, você esquece as marchas, troca os comandos, liga o limpador de para-brisa em vez de seta. É um inferno.

O bálsamo da história, a fala misericordiosa, é que, mesmo sem perceber estamos gastando ansiedade nessas situações.

Queira Deus que esse saco tenha fundo.